28/10 - Skank @ Clube 9 de Julho

Local: Avenida Presidente Vargas, 2000, Indaiatuba, SP


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Skank em Indaiatuba/SPNão é à toa que os integrantes do Skank falam de “Samba Poconé” 20 anos depois de seu lançamento com tanto carinho. Quando o conceberam, tinham passado o teste do segundo disco com louvor – “Calango”, de 1994, teve sete de suas 11 músicas com rotação altíssima nas rádios, vendeu 1,2 milhão de cópias e os consagraram como banda madura. Esta edição especial tripla, comemorativa das duas décadas de “Samba Poconé”, coloca todos os ingredientes no devido lugar no disco que os tornou adultos e um fenômeno da música popular brasileira.Por adultos, entenda que abandonaram a raia onde nadavam de largas braçadas, na mistura de dancehall com influência de sonoridade (principalmente de metais) sessentista. “Jackie Tequila”, “Te Ver”, “Esmola”, “Pacato Cidadão”, “O Beijo e a Reza” e “Amolação” (sem contar a versão de “É Proibido Fumar”) já tinham dado conta disso, na concepção do quarteto.Samuel Rosa, Haroldo Ferretti, Lelo Zaneti e Henrique Portugal se apropriaram então do título do álbum anterior, mas em sua versão mineira musical, adicionaram raggamuffin, uma pegada pop mais consistente e até elementos tradicionalmente nacionais, como forró, e saíram do estúdio Mosh em São Paulo com aquele que viria se tornar um dos três discos de pop rock mais vendidos da história do país, junto de “Rádio Pirata Ao Vivo”, do RPM, e “Mamonas Assassinas”. O disco vendeu mais de 2 milhões de cópias no Brasil e superou 100 mil no exterior.Não foi a quantidades de hits que levou a isso, mas a consistência. Abre com “É Uma Partida de Futebol”, primeira parceria de Samuel Rosa com Nando Reis, que entrou para a trilha-sonora da Copa do Mundo de 1998, traça aquela rota Kingston/BH em canções como “Eu Disse a Ela”, “Um Dia Qualquer”, “Sul da América”, “Zé Trindade” e abre tentáculos globais com “Garota Nacional”, o maior hit da história da banda. Os quase 5 minutos da canção foram o momento de maior exposição da música brasileira no exterior desde a Bossa Nova, tanto que colocou luz na sonoridade do grupo e o levou a excursionar por 14 países durante dois anos de turnê.Sucesso internacional merecido, já que toda estética e mesmo a temática do trabalho representam um ode à cultura nacional. Durante a turnê de “Calango”, rodaram de Norte a Sul, Leste a Oeste, e tiveram contato direto com (ainda mais) variadas manifestações musicais meio que escondidas pela imensidão brasileira. Quando se hospedavam no centro de São Paulo, viam das janelas aqueles cartazes de cinema ainda pintados a mão, como na época da (companhia de cinema) Atlântida, que dominava totalmente as produções nacionais entre os anos 1940 e 60. Reproduziram a estética na capa do disco. Até o título do trabalho faz referência, como se fosse o nome de uma película da época.Além disso, o texto das composições ganhou cores mais fortes e vivas. Há os recados diretos, como de “Garota Nacional”, há mais referências ao pop romântico, como “Tão Seu”, e há questionamentos sociais, como nas músicas gravadas com Manu Chao, então um artista mais ligado ao Mano Negra do que com nome próprio – “Los Pretos”, que aborda racismo, “Sem Terra”, a questão agrária, e “Zé Trindade”, que faz referência ao ator e comediante da tal Atlântida.Foi tão intenso o impacto do disco à época que a gravadora Sony fez um box comemorativo de 100 anos do selo Columbia e o único artista brasileiro que entrou na seleção foi o Skank, com o “Beat it laun, daundaun/Beat it, loom, dap'ndaun” de “Garota Nacional”. Ao lado de Frank Sinatra, Michael Jackson, Bruce Springsteen e Bob Dylan, só para citar alguns.Fora que o disco foi tão bem gravado e produzido por Dudu Marote que nem precisou ser remasterizado para esta edição comemorativa. Mas aí entra a crocância da versão tripla de 20 anos da obra.O segundo disco contém as gravações de ensaios e as demo tapes, que estavam guardadas na gaveta mágica do baterista Haroldo Ferretti por estes anos. Já o terceiro CD ficou na conta dos arquivos de Dudu Marote, que montou um caleidoscópio de “Samba Poconé” com remixes, registros não aproveitados de estúdio, versões instrumentais além de uma música inédita, “Minas com Bahia”. Inédita numas, pois Daniela Mercury a gravou em seu disco “Feijão com Arroz”. Os dois discos extras foram masterizados em Nova York por Chris Gehringer, que é engenheiro de som de Carlos Santana e Madonna. O CD original já havia sido masterizado na mesma Nova York, mas por Michael Fossenkemper.Só faltou guardarem um detalhe dos originais. As artes originais feitas em cima das pinturas, que figuram na capa e encarte, se perderam com os anos e tiveram que tirar fotos novamente das telas para que pudessem imprimir o material novo.É a única coisa não original de toda essa obra comemorativa. E nesta conta inclua, claro, a música. Atrações♦ Banda Hsete♦ Skank